terça-feira, 30 de junho de 2009

Sonho e realidade...

Eu tive um sonho, e nesse sonho o mundo era diferente. Ele era tão perfeito que, por um instante, pensei que tivesse morrido e estava no céu. Mas descobri que não se tratava do céu, e sim de um mundo novo. No meu sonho as pessoas se respeitavam e se toleravam mais, realmente existia amor entre elas; não um amor sentimental, mas sim um amor que punha em prática velhos ensinamentos.

A poluição não estava acabando com o mundo porque tínhamos aprendido a viver em sociedade e a não degradar o meio em que vivíamos. A água era abundante porque a gente sabia usá-la com sabedoria. A televisão era um canal de instrução e cultura, e os livros eram grandes professores. As músicas não continham palavrões e pornografia, mas serviam para alegrar a alma. As crianças podiam estudar brincando e crescer com saúde e sabedoria. Os maridos amavam e respeitavam suas esposas e ainda se acreditava em casamento.

A África já não era considerada o continente mais pobre do mundo e América Latina já não era conhecida somente por sua beleza natural e tráfico de drogas, mas todos os países eram iguais. Não havia menor ou maior, e um governo ajudava ao outro sem nenhum interesse além do bem estar de suas nações. Não havia violência, nem gratuita nem paga.

Mulheres não eram mais usadas somente para trabalhos domésticos ou reprodução, tampouco eram subjugadas a desejos sexuais masculinos; eram consideradas obras-primas do Criador. Deus era o centro de todas as coisas e a razão porque buscávamos viver em unidade. O homem então havia compreendido o amor de Deus por nós e porque Ele enviou o Seu único Filho para morrer pelos nossos pecados: para que pudéssemos ter vida em abundância. Dizer que éramos membros do Corpo de Cristo agora fazia sentido.

Mas então acordei, e vi que o mundo não havia mudado. Coisas como poluição, violência, intolerância, desrespeito e desigualdade ainda existiam. Tudo estava no mesmo lugar e por um instante fiquei triste, mas o Senhor me trouxe à memória aquilo que está escrito, “Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor. Pois eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E nações caminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado. Então o verás, e estarás radiante, e o teu coração estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti virão.” (Is 60.1-5).

Naquele momento entendi que isso não precisava ser sonho ou utopia, mas que dependia de mim, de nós, fazermos isso real. Porque nós somos a luz do mundo e essa luz deve brilhar diante dos homens, para que eles vejam as nossas boas obras, e glorifiquem a nosso Pai, que está nos céus. (Mt 5.14 a16). Precisamos agir, não podemos mais nos conformar com coisas deste mundo. Precisamos sair do nosso comodismo consentido e do nosso egoísmo gospel de nos preocuparmos apenas com a nossa salvação e o bem estar de nossa igreja.

Não podemos mais viver Cristo sem a cruz. Porque se eu sei fazer o bem e não faço, cometo pecado. É minha obrigação como cristão servir ao meu irmão e os meus braços não podem estar encolhidos. Nós ganhamos uma vida em Cristo para servi-Lo, e fazemos isso quando servimos aos nossos irmãos.

by undergraund

sábado, 20 de junho de 2009

A distinção do amor

"Com sofrimento descobre-se um Jesus diferente daquele que se descobre com o luxo. Ocorre dessa forma: a dor o força a lidar com o ponto mais fraco de sua personalidade. Você desiste e desanima, mas, em algum momento, a situação torna-se maravilhosa porque você descobre que Cristo o ama apesar de sua fraqueza."Um cristão egípcio

Com apenas 30 anos, esse jovem egípcio sabia sobre o que estava falando. Convertido e oriundo de uma família muçulmana, ele foi encarcerado e torturado no início dos anos 90. Nu e pendurado pelas mãos, foi agredido com bastões elétricos e colocado em uma diminuta cela escura durante três meses. A cela era apelidada de "a experiência" pelos prisioneiros.

A exemplo de outros prisioneiros, ele não saiu ileso. "Saí abalado, fraco, chorando. Sentado no silêncio da escuridão, apenas com minha própria respiração, senti-me como alguém perdido no deserto". Todos os meus pecados e todas as minhas fraquezas vieram a minha mente em vívidas cores, e vi como eu era fraco. Nem sequer pude sair da tortura parecendo triunfante. Fiquei com vergonha de todas as coisas de que me orgulhava. Até meu testemunho tornou-se objeto de vergonha." Ainda assim foi exatamente isso que lhe trouxe regozijo mais tarde.

"Não existe sentimento no mundo semelhante àquele que enfrentamos ao encararmos nossa própria pecaminosidade absoluta e, ao mesmo tempo, percebermos - sabermos de verdade - que Cristo nos ama exatamente da mesma maneira."

Está é a força da fraqueza personificada, quando um homem pode ser colocado em um buraco mal-cheiroso, despido de todo respeito próprio, e ainda sair mais humano porque foi capaz de se firmar no grande fato que nos faz verdadeiramente diferentes: somos amados por Deus.

É isso que a fraqueza faz. Ela nos força a aceitar o amor de Deus na medida em que nos transforma completamente, mudando-nos da autodependência para a dependência de Deus. É por isso que os perseguidos parecem ser pessoas mais gentis e mais generosas, pois passaram por esse processo.

John Drane, professor de teologia prática na Universidade de Aberdeen, na Escócia, diz que a Igreja ocidental tem crescido principalmente entre aqueles que ele chama de "realizadores corporativos". Segundo ele, essas pessoas "vêm à Igreja para assumir o controle sobre suas vidas. O cristianismo lhes dá um meio de gerenciar os relacionamentos da mesma forma como já gerenciam suas carreiras". No entanto, a última coisa que os "realizadores corporativos" querem ouvir é a respeito de suas fraquezas. Querem ouvir apenas sobre poder. De fato, eles gastam toda a sua vida profissional na negação da existência de uma fraqueza, e, infelizmente, esta é uma atitude que trazem para dentro da igreja. Muitos desses tipos vão em frente, escrevendo livros, dirigindo igrejas enormes ou agências missionárias. No entanto, não sabem nada sobre a fraqueza e, assim, pouco conhecem a respeito de Deus.

Da mesma forma que o apóstolo Paulo diferenciou-se dos "super-apóstolos" de Corinto, orgulhando-se de sua fraqueza, temos de aprender a seguir o exemplo dos perseguidos. Também temos de aprender a orar como fez Lady Julian Norwich: "Fere-me Senhor, porque é somente por meio dos meus ferimentos que posso receber a cura do seu amor."

underground

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Reflexão...

"Vivi o suficiente para perceber que se vive o cristianismo mais tempo no vale do que no topo da montanha, que a fé nunca está livre da dúvida e que, apesar de Deus ter-se revelado na criação e na história, a forma mais segura de conhecê-lo é, nas palavras de Tomás de Aquino, na qualidade de tamquam ignotum , de completamente incognoscível. Nenhum pensamento pode contê-lo, nenhuma palavra pode expressá-lo; ele está além de qualquer coisa que possamos intelectualizar ou imaginar."
Brennam Manning
"Sem disciplina não conseguimos resolver nada.
Com alguma disciplina conseguimos resolver alguns problemas.
Com total disciplina conseguimos resolver todos os problemas."
Scott Peck

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Amadores Apaixonados...

Eu sei, eu sei! O título deste artigo é redundante sim! Neste mundo ocidental de telecomunicações avançadas onde todos sabem algo sobre todos os assuntos mas não sabem nada ou quase nada sobre algum assunto em profundidade… vasto como o oceano e raso como um pires… Portanto, cabe aqui a redundância. O assunto hoje é teatro amador. Teatro feito por quem ama, por amante; por pessoas cheias de paixão por algo ou por alguém.

E não vamos entrar em um jogo de palavras, por favor! Profissionais de um lado, amadores do outro… não! É o tipo de comparação que não serve para teatro. Conheço tanto atores profissionais apaixonados pelo teatro como atores amadores mais profissionais do que os que tiram o sustento da arte. Fazer teatro sem paixão, é triste. É passar a vida em preto e branco sem aromas e sem a dádiva do olhar. É ver e não perceber. O primeiro abalo e você desmancha.

Portanto pergunto: você faz teatro? Se faz, por que faz? Porque não tem nada para fazer ou porque é legal ou porque aquela menina ou aquele menino faz e aí… você entende ? Ah! Já sei. Você faz teatro para se conhecer melhor… Você é uma pessoa muito só ou talvez alguém da igreja empurrou este “cargo” para você; para cuidar do pessoal do teatro…

Sinto muito dizer mas todas estas justificativas não sustentam uma produção artística teatral duradoura, realizadora. Não se tornará sequer uma manifestação artística autêntica. Não que este universo de encontros e desencontros, perdas e danos não exista; existe sim, faz parte da convivência comunitária. Mas quando os objetivos paralelos e pessoais de cada um, são mais fortes que o objetivo coletivo, seja a realização de um espetáculo ou a formação de um elenco fixo ou até mesmo a profissionalização do grupo (por que não?), enfim, a criação coletiva é uma tarefa por demais árdua; o respeito mútuo, o espírito de grupo, deve prevalecer.

O fazer teatral não depende só de técnica ou só de inspiração. Depende também, e muito, da ética de cada um. Por isso, quando me pedem para assistir uma peça feita por amadores, espero encontrar pessoas apaixonadas, amantes do que fazem e de Deus, a quem consagram aquele espetáculo. De outra forma, será um fazer teatral por obrigação, ou por necessidade. Um dever ou um entretenimento fácil que não resultará em crescimento para ninguém. E de entretenimento barato a nossa sociedade esta cheinha de opções.

Não perca tempo cara! Alugue uma fitinha e chame os amigos. E vê se pega uma fita legal, nada de papo cabeça que dá sono, não é? E enquanto você dorme, a vida passa…


por Wagner Castilho